segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Vinho

Ventava forte e logo, calmamente
oscilava entre loucura e aptidão
entre treino e diversão.
Ventava, como amor
como paz e dor
fome e sorte.
Ralhava com meus cabelos
e levava-me para longe
um devaneio sem fim
sem cor e nem sentido.
Algumas palavras árticas
me tomavam
e faziam-me
cavas no coração.
Ai vinha, o ápice de minha burrice
a inescrupulosa arte
de beber ou não.
Postei-me em lugar de defensiva
eram desculpas que eu arrumava
e verdades que me escondiam.
Como mulher acanhada
procurei brindar a solidão
era escuro o que eu bebia
mas tão divino quanto o céu.
Eu corria do medo
do meu próprio medo
e me escondia na palma das mãos.
Eu sofria e sorria,
e de minha alma vinham,
convictas as certezas,
de quem viveu do mesmo jeito
de quem viveu por inteiro.

Meses se passaram
e eu quase esqueci de ti,
até a noite em que tocaram
aquela musica
aquela que tanto odiávamos.
Enfim, me senti sem finalidades.
Aonde ir?
Tudo ainda me faz pensar
tão devagar
escrever, para quê?
Para quem?
Para os especiais
que medem minha capacidade com cifrões
ou para você que lê meus versos
aos borrões?
De nada me adiantam
palavras complicadas
palavras viradas
ou justapostas.

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